Minha foto
Música, divulgações, diversões, meio ambiente, cultura, divagações e boas conversas. Não necessariamente nessa ordem :-)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Ridículos somos nós!


Lendo hoje no jornal O Globo a matéria sobre o livro que reúne as cartas trocadas por Fernando Pessoa e sua única namorada conhecida, Ofélia, me peguei pensando o quanto são interessantes e criativos os ideais e objetivos de certas pessoas, como o casal que arrematou as cartas de Pessoa num leilão e anos depois procurou a família do poeta para comprar as cartas escritas por Ofélia. O colecionador Pedro Corrêa do Lago e sua mulher, a pesquisadora Beatriz Corrêa do Lago, entregaram esse rico material a Richard Zenith, autoridade no que diz respeito a obra do autor (adorei esse nome, por motivos óbvios),  que organizou a correspondência dos enamorados e publicou nesse livro, que se chama: “Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz – Correspondência amorosa completa (1919-1935)”.

Acho incríveis as cartas, memórias vivas de pessoas que já não estão por aqui, de uma época, de histórias que podem ser recontadas, como essa do poeta e sua namorada. Sim, me interessam as cartas!

Mas num paralelo rápido com o nosso tempo, moderno e cheio de recursos virtuais, digitais, tecnológicos e quetais, imagino num futuro longínquo os pesquisadores escarafunchando e-mails, cheios de linguagens cifradas e palavras abreviadas em computadores obsoletos e, sinceramente, não acho isso nada poético.

Que mundo estranho esse nosso, pelo menos pra mim, romântica incorrigível que sou, quase parnasiana, antiguinha mesmo. Mas eu não sou parâmetro pra nada, afinal ainda acredito no CD e adoro a vida simples e bucólica do campo, livre da “correria da cidade que arde” e do excesso de informação inútil que nos assola.

Voltando à pesquisa do casal das cartas, gosto de ler sobre esses trabalhos hercúleos de resgate do passado, de preservação da memória. Que bom que ainda existe gente que se importa com isso e vai à luta pra remontar os pedaços de uma época ou de uma história de amor.

O pensamento que me invade, depois de pensar nisso tudo, é: ridículos somos nós, Pessoa, que não mais trocamos cartas de amor! Que mundo pouco inspirador esse nosso.

-------------------------------------------------------------------------------------
NOTA: Fui buscar na internet uma foto da capa do livro e achei essa num blog excelente de uma jornalista chamada Andreia Santana. Recomendo a visita e a leitura de seus textos! Obrigada, Andreia!

4 comentários:

  1. Boa, Dinda!!!
    Eu gosto de cartas, mas hoje em dia, me acostumei perfeitamente aos e-mails! Acho até que um dia ainda hão de encontrar resquícios de correspondências virtuais. Acho romântico sim!
    Agora, a tal linguagem do Twitter, resumidíssima a 140 caracteres, é que não dá.
    Um beijão!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é, Danny Pre, o problema é essa linguagem cada vez mais cifrada e diminuta na qual estamos mergulhando...o que será de nós no futuro? O que restará para se pesquisar?
      Mas não ligue, meu texto é fruto apenas de um devaneio saudosista. Sim, tenho muitos, afinal sou do século passado, não é? ;-)
      O bom mesmo são as cartas, como essas de Pessoa e sua Ofélia, adoro isso! Quero comprar esse livro já!
      Beijos

      Excluir
  2. Olha só a sintonia: http://oxdopoema.blogspot.com.br/2013/04/cronicas-desclassificadas-82-saudade.html

    Beijos,
    Léo.

    ResponderExcluir
  3. Que coisa sensacional! Falamos das mesmas coisas, por outros caminhos!
    Escrevi lá no seu blog tb.
    Mas é isso, as cartas me intrigam muito, como as fotos, tudo o que guarda a memória de um tempo, de um período, de uma história ou simplesmente de alguém.
    Na verdade me interesso pela história das pessoas. Todo mundo tem um mundo incrível a desvendar, basta saber como abordar, como pesquisar e contar.
    Adorei mais essa sintonia, Léo!
    Um beijão

    ResponderExcluir

Translate