Bom, nesse movimento de atualizar o blog, reler textos antigos para reaproveitar e escrever novos, achei esse aqui que escrevi no Natal de 2006. Jackie Hecker me pediu que enviasse novamente para ela e achei mais bacana publicar. Assim fica aqui uma dica de música boa atemporal e ao mesmo tempo atendo o pedido da minha amiga. Jackita esse vai pra você, com amor!
Tarde de Natal, muitos afazeres
culinários. Reservo o dia para me ocupar dos petiscos e consigo fico só em
casa, coisa rara em dias repletos de amigos e familiares comemorando por todos
os cantos o ano que está acabando. Tenho uma longa tarde lavando frutas, as verduras
para a salada da ceia, fazendo tortas que são as minhas especialidades.
Como estou só, posso escolher à
vontade a trilha sonora que vai me acompanhar tarde adentro. Ouço vários CDs de
compositores diversos, música instrumental, mil coisas que adoro e nessa,
resolvo escutar de novo o CD da Jackie Hecker chamado “Isso e Aquilo”. É
incrível como me identifico com o repertorio dela. Posso mesmo dizer que
seguimos a vida ouvindo as mesmas coisas e criando as mesmas referencias, é impressionante!
Estou na cozinha com minhas
massas e o disco segue engatando uma perola na outra...é muito bonita a voz
dessa moça...de uma afinação perfeita, mas principalmente de uma força
interpretativa gerada na delicadeza do timbre...Pode parecer dicotomia, mas é
isso que me soa... força e delicadeza em um contraste que alimenta a alma de
quem está ouvindo. Fico emocionada várias vezes... E o repertorio…fico achando
que ela convive comigo desde que nasci na musica, mas acabamos de nos conhecer!
Arranjos lindos do Alain Pierre,
que assina também uma das mais belas canções do disco, chamada “Mantra”. Vou
ouvindo aquelas músicas lindas todas, de vários compositores que adoro: Iso
Fischer, Guilherme Rondon, Dori Caymmi, Paulinho Tapajós, Cláudio Nucci, Mauricio
Maestro, Zé Renato, Yuri Poppof, Vitor Ramil... chego até “Beneficio”, do Zé
Renato e com a participação dele, num dueto inspirador e resolvo parar com a
cozinha pra pegar o encarte e ler atentamente tudo: quem fez o que, quem tocou
aonde, me dou conta de que Alain reina absoluto em praticamente todas as faixas
com participações de outras feras complementando os arranjos.
Sigo lendo tudo, até que dou com
o texto escrito pela própria Jackie contando o processo de feitura do disco. Aí
despenco em choro profundo, quando vou percebendo como a gente rala pra
transformar sonho em realidade nesse reino “independente” em que habitamos, mas
como conseguimos produzir belezas! Claro que sempre contamos com a ajuda dos amigos especiais que compram nossos
barulhos e investem também suas energias
e assim conseguimos concretizar os projetos.
Contando com essa ajuda
fundamental de gente como Alain e muitos outros, Jackie conseguiu produzir
lindamente sua primeira grande obra. E que venham outras muitas, porque a voz e o bom gosto de Jackie Hecker merecem cada
vez mais espaço e mais a nossa admiração!
Dezembro de 2006